sábado, 29 de novembro de 2008

A linguagem do corpo

A linguagem do corpo não é feita de palavras, não é feita de números, não é feita de explicações racionais. A linguagem do corpo é feita de sensações. Qualquer explicação verbal ou escrita sobre o movimento do corpo é, em si, uma abstração. Quando eu quero explicar um determinado movimento corporal eu tenho que apelar às sensações que acompanham a execução desse movimento. Por muito bom que eu seja a descrever um movimento, o entendimento corporal sobre a minha explicação pelo meu interlocutor vai ser sempre parcial, se não mesmo nulo. Para podermos falar do corpo, para podermos verbalizar o movimento do corpo, temos, primeiro que desenvolver um léxico de sensações que nos permita saber do que estamos realmente a falar. Este léxico é aprendido pela execução atenta dos movimentos por forma a podermos captar as sensações que os acompanham e, assim, podermos reproduzi-los sempre que quisermos.
Da mesma forma, entendo que para podermos ensinar movimento, temos que ter sentido esse mesmo movimento. Podemos sempre teorizar sobre movimento, podemos sempre tentar criar generalizações (diria abstrações) sobre o movimento do corpo humano. Não passarão disso mesmo, generalizações (abstrações). Quem trabalha com o corpo humano sabe, ou já se deu conta em algum momento, que as generalizações não servem NUNCA em todos os corpos. Há sempre uma adaptação necessária para cada um, há sempre um elemento de individualização que é preciso ter em conta quando queremos resultados positivos. Quando ensinamos movimento e temos por base as nossas próprias vivências, facilmente transmitimos, para além de uma mecânica, as sensações que lhe estão associadas. Deste modo, cada um irá adaptar o seu corpo, biomecanicamente, por forma a procurar as sensações pretendidas em vez de reproduzir um padrão biomecânico.