sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

À Vida

Feliz comigo, feliz com as minhas opções. Feliz com a Vida!
Sim, é assim que eu me sinto nos dias de hoje - alinhado com a Vida.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Novas visões do corpo


Neste momento começa a formar-se uma nova imagem de conjunto sobre a minha visão do corpo. Resulta de uma monte de observações empíricas do meu trabalho diário com os corpos dos meus clientes e com o meu corpo durante os meus treinos e resultada de encontros de linhas pensamento / investigação que vem confirmar algumas das minhas observações.
Esta minha nova consciência sobre o corpo terá começado nos poucos tratamentos de Rolfing que fiz na Alemanha com a Ricarda. Num desses tratamentos terminei com a barriga completamente distendida (e um sentimento de que aquilo não estava de acordo com os meus hábitos e me parecia mal, apesar de me fazer sentir fisicamente bem...) e saí do consultório com um andar novo. Sentia-me a bambolear as ancas pela rua fora, com muito movimento nas ancas, e com a barriga saída. Descrevi aquela atitude como um andar desleixado. Hoje descreve-lo-ia como um andar descontraído, um andar sem tensão. Concluo, hoje, que nesse tempo eu tinha feito um percurso de construção do meu corpo no sentido do controlo e da contenção ou melhor dito da com(tensão)...
Este facto levou-me a várias leituras, nomeadamente na área do Rolfing, onde há uma grande ênfase nas questões da respiração abdominal, profunda. Comecei a tentar entender, visualizar, o processo mecânico e fisiológico da respiraçao. O funcionamento dos músculos envolvidos na respiração, nomeadamente o movimento do diafragma, sempre foram muito confusos para mim. Fiz várias aproximações ao tema através de leituras e videos mas nunca nada foi suficientemente convincente para chamar a minha atenção. Eu não estava preparado para receber a informação que me chegava. Acabou por chegar pelas palavras de dois senhores: Leon Chaitow e James Earl. O segundo tem uma descrição muito precisa e, para mim, fácil de entender sobre o funcionamento mecânico do diafragma no seu livro conjunto com o Thomas Mayers. O primeiro tem um tratado multidisciplinar sobre respiração e vários artigos fáceis de consumir sobre o tema. Além disso, algumas leituras, bem mais complicadas e técnicas, de Aline Newton completaram a "big picture".
Comecei, então e questionar o tipo de respiração que me foi ensinada na prática de Pilates. A tal da respiração torácica lateral junto com a manobra de estabilização do tronco de umbigo nas costas ou hollow. Ambas estas acções me tornavam ainda mais tenso no meu corpo. Passei a lutar contra o corpo, literalmente. Passei por uma fase de controlo, de espartilhamento do corpo e da vontade que teve como consequência lógica dores, nomeadamente na zona lombar e sagrada. Aprendi a andar com o rabo apertado e a fazer tudo apertado, tudo espartilhado. Quanto maior a dor eu sentia mais achava que tinha que fazer. Agora visto à distância tudo me parece um quadro de autopunição que eu me infligia. Para mim, na altura, a dor era sinónimo de erro meu, de pouco treino, de falta de empenho, logo tinha que me "castigar" mais fazendo mais do mesmo...
Bom, consegui perceber que se fizesse mais do mesmo teria mais do mesmo como consequência. Comecei por abrir as costelas. Esta é outra das dicas que é dada em Pilates e exercício supostamente correctivo no geral: fechar as costelas. Pois é percebi que apesar de ter uma caixa torácica muito aberta, com costelas largas, precisava de abri-las para movimentá-las. A minha caixa torácica, a minha coluna dorsal, era muito rígida, claro. Ao fechar as costelas usando músculos fásicos (oblíquos e recto abdominal) eu estava a adensar ainda mais a minha caixa torácica. Durante um tempo só me preocupei em abrir as costelas como forma de libertar o meu tronco pela frente, a minha cadeia anterior e cruzadas. Ao mesmo tempo percebi que se deixasse a barriga cair quando estava de pé, conseguia não ter dores nas costas e sentia muito alongamento nos músculos do abdómen. Este alongamento libertava o meu pescoço e o peso dos ombros aliviava. Trabalhei sobretudo neste tipo de libertação enquanto estava de pé, que é a postura em que passo mais tempo durante o dia. Continuei a forçar as costelas a abrir com a respiração torácica. Talvez fizesse já alguma respiração abdominal uma vez que fui libertando a cadeia anterior e estava conscientemente com a barriga para fora.
De repente - muitas das coisas acontecem-me assim, de repente -, lembrei-me de uma foto em que o Joe Pilates está em pé sobre a barriga de uma rapariga que está a fazer o que parece ser um hundred com as pernas quase horizontais. Fez-me um click e pensei: Para esta senhora aguentar com o peso do Joe na barriga, tem que estar a empurrar a barriga para fora e não a sugar o umbigo nas costas. Terá sido isto que o Joe queria mostrar na foto? Não sei. O que é um facto é que esta foto me levou ao passo seguinte. Respirar com a barriga para fora, fazer um barriguão ao invés de encolher o umbigo. Esta conclusão teve por base todas as leituras que fiz sobre os efeitos de estabilização diferenciados entre hollow e bracing. Destas leituras concluí que, de facto, o bracing é a estratégia a adoptar para ter uma estabilização do tronco realmente eficaz. Comecei a introduzir o bracing como estratégia de estabilização em todos os meus alunos. Isto implica reprogramar novamente o que já tinha sido programado uma vez no sentido inverso. Não foi tarefa fácil mas os resultados foram tão, mas tão rápidos e benéficos que todos aceitaram facilmente esta nova introdução.
E, como em tudo na vida, quando começamos a caminhar em determinado sentido, com sentido, foram aparecendo diversos autores que divulgam justamente este tipo de trabalho, nomeadamente o Evan Osar. O livro deste senhor eu não me importava de o ter escrito. Resume e organiza perfeitamente os conteúdos em que tenho vindo a trabalhar e matutar, e fá-lo de uma forma tão simples e bem organizada...
Este autor levou-me à sua principal fonte, fonte de que vários outros autores também falam: DNS. A Rehabilitation Prague School tem divulgado o seu trabalho, ou parte dele, através deste programa de formação DNS - Dynamic Neuromuscular Stabilization. É, de facto, fabuloso o conteúdo e a forma em que eles trabalham. Contactei esta escola e em Dezembro de 2012 trouxe a primeira formação de DNS aqui a Portugal, no Bells and Springs.
A implementação deste conhecimento e desta prática no método Pilates não é nada difícil e é até bastante compatível. Ainda estou a começar, com passos de bebé, a aplicar parte dos conceitos DNS ao meu trabalho em Pilates, ou melhor, ao meu trabalho com corpo. Voltarei para continuar o relato deste caminho que sempre se vai abrindo mais e mais.