quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Método Pilates - Um belo instrumento ao nosso serviço

Hoje chegou um possível cliente ao meu estúdio querendo saber informações sobre a prática. É uuma senhora com formação superior, com muita sensibilidade e aparentemente muito segura do tipo de serviço que quer ter. Perguntou quem trabalhava aqui e de onde vinha a formação em Pilates. A dita mulher teve contacto com aulas de Pilates no Brasil, num estúdio pertencente à escola que me formou: The Pilates Studio Brasil. Por ter tido uma muito boa experiência com o trabalho de estúdio estava preocupada em encontrar um estúdio onde o mesmo tipo de trabalho fosse oferecido. Quando percebeu que tinha encontrado um espaço, em Lisboa, onde o trabalho que procurava é praticado, a primeira coisa que disse foi: "É que eu já estava entrando no nível intermediário e estava gostando muito do trabalho".
Esta frase deu-me em que pensar. O trabalho de Pilates não passa de exercício físico. A forma como é ensinado, para fins didácticos e pedagógicos, obriga à divisão em níveis: básico, intermédio e avançado (e super-avançado). Em várias entrevistas a praticantes e professores de Pilates que trabalharam directamente com o Joseph Pilates, pude ler - o que não me surpreendeu - que na época do Pilates não havia essa coisa dos níveis. Havia sequências que eram ensinadas e exercícios fora de qualquer sequência que eram praticados conforme as necessidades dos praticantes.
No início da minha prática como instrutor de Pilates segui à risca as indicações que me foram passadas sobre o método. Assim, o meu objectivo era mais o de progredir com os meus clientes pelos vários níveis seguindo o protocolo. Tive bons resultados. No entanto, fui me apercebendo que, de facto, a divisão em níveis só faz sentido numa prespectiva de ensino, de formação, de sistematização e passagem do conhecimento. Fui me apercebendo que ao centrar-me em progredir pelos vários níveis estava a centrar-me no Método e não nos corpos que tinha em mãos.
A meu ver o Método Pilates, como qualquer outro método de exercício físico, foi criado para servir os seus utilizadores e não o contrário, isto é, para se servir dos seus utilizadores. Numa perspectiva histórica acho importante manter viva a prática tal como ela foi criada. Numa prespectiva de formação, de passagem do conhecimento, já tenho algumas dúvidas se a divisão em níveis, hoje aceite nos meios de formação em Pilates, será a mais acertada.
Voltando à mulher que me procurou, vejo que, para quem queira vender o seu serviço em Pilates ou outra coisa qualquer, pode até ser vantajoso criar níveis de "competência" explícitos para os clientes. É que, assim, se joga com o EGO das pessoas. Quem não gosta de satisfazer o EGO sabendo que "passou" para o nível intermédio ou que "já faz" o avançado?... Não vejo que haja algum mal nisto uma vez que o método é mesmo muito bom para o Ser - corpo e mente - seja aplicado por níveis ou não. Entendo, no entanto, que nós instrutores devemos usar o Método para servir os corpos dos nossos clientes e não vice-versa.

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